
No entanto não o comprei… Como foi oferecido no
trabalho fiquei em lista de espera para que chegasse a minha vez de o ler! Na
verdade a primeira pessoa que tentou desistiu, e aconteceu o mesmo à segunda.
Por isso, quando o livro me veio parar às mãos desconfiei, será que o iria
conseguir ler, e por isso durante meses, talvez mesmo um ano, o livro ficou na
minha mesa de cabeceira, à espera que viesse a coragem para o começar a ler… o
tempo passou, e um dia decidi que era o dia! Comecei primeiro a ler, e pouco
depois a devorar… dei por mim a pensar quando é que me sentaria outra vez no
transporte público para continuar a ler, e em 4 dias… voilá… Terminei o livro!
E assim houve nesta leitura, excertos e palavras que se
colaram a mim e que deram sentido ao que lia.
“Vou anotando nas páginas do meu milagrário pessoal os factos extraordinários que me sucedem, ou de que sou involuntária testemunha, dia após dia. É um diário de prodígios. Os milagres acontecem a cada segundo. Os melhores costumam ser discretos. Os grandes são secretos.”
2º as
palavras que nascem novas para o vocabulário. E eu escolhi a minha: Desamparinho ♥
“Desamparinho, em minha opinião uma das mais
bela palavras do crioulo cabo-verdiano que dá nome aquela hora feliz, ao final
da tarde, quando o dia cede o lugar à noite, o calor esmorece, e os velhos se
sentam nos passeios, fruindo o fresco e as cigarras, e vendo as moças passarem
sacudindo as ancas”
Também
para mim é uma bela palavra, e a descrição que é feita transporta-me para
aquele momento do lusco-fusco, com as cores e os cheiros de um final de tarde…
3º
a realidade sobre o povo português. Esta mensagem fez-me pensar que sim, é isto
mesmo:
“Os
portugueses com coragem e ambição foram-se embora nas caravelas, a construir
mundos, a destruir outros mundos. Ficaram os velhos do Restelo, coitados,
sempre a queixarem-se da crise e do reumatismo, e a transmitirem muito a custo
os fracos genes, além do medo, às gerações vindouras.”Bom desamparinho ♥
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